Nesta quarta-feira (14), a Câmara Técnica de Meio Ambiente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Sertões de Crateús (CBHSC) realizou sua 10ª reunião ordinária, no auditório da Cáritas Diocesana de Crateús. A pauta do encontro incluiu a definição das atividades em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente e o aprofundamento das discussões sobre os impactos ambientais do lixão de Crateús na qualidade dos recursos hídricos da região.

Durante a reunião, os participantes definiram como uma das ações centrais para a Semana do Meio Ambiente a produção e divulgação de vídeos curtos nas redes sociais do Comitê. Os vídeos abordarão os principais problemas ambientais da região dos Sertões de Crateús e destacarão boas práticas de preservação e uso sustentável dos recursos hídricos.

Outro ponto de destaque da reunião foi a apresentação da professora e pesquisadora Thayres Andrade, da Universidade Federal do Ceará (UFC) – Campus Crateús. Ela compartilhou resultados preliminares de uma pesquisa em andamento sobre os riscos ambientais associados ao lixão de Crateús.
O estudo engloba a caracterização físico-química de contaminantes, seus potenciais riscos ecológicos — como os impactos em organismos do solo e da água — e a integração dessas informações com aspectos sociais e de saúde pública da população afetada.
A professora informou que, como parte da pesquisa, foi realizado um estudo gravimétrico dos resíduos presentes no lixão, revelando que mais de 30% do material encontrado é plástico.
Esse dado reforça a fala de Karina Albuquerque, representante da Secretaria de Meio Ambiente de Crateús, que chamou atenção para a baixa participação da população urbana na coleta seletiva. Segundo ela, apenas cerca de 25% do material reciclável coletado na cidade vem da zona urbana, apesar de esta ser a principal geradora de resíduos.
A pesquisadora também relatou indícios de contaminação ambiental, detectados a partir da análise do chorume diluído pela água da chuva (lixiviado), do solo do lixão e da água de um açude nas proximidades. Os efeitos da contaminação já foram observados na germinação de algumas espécies vegetais.
Contudo, Thayres destacou que as limitações de recursos impediram uma análise mais ampla, como um maior número de amostras analisadas, bem como a investigação do solo em diferentes profundidades do lixão, bem como no sedimento do açude.
Ela acrescentou que novas etapas da pesquisa deverão incluir análises do extrato do solo do lixão e estudos dos efeitos dos contaminantes em organismos vivos do solo, em plantas e animais aquáticos.
Diante da relevância do tema, os membros da Câmara Técnica definiram a realização de uma reunião extraordinária no 2º semestre, com foco específico na contaminação da água subterrânea da região em decorrência do lixão.
Participaram da reunião os seguintes membros da CT de Meio Ambiente: Gilson Miranda (Associação Caatinga), George Bezerra (IFCE – Campus Crateús), Gean Gomes (STRAAF de Crateús), Aparecida Soares (FETRAECE Sertões dos Inhamuns/Crateús), Leonardo Machado e Francisca Maria (Cáritas Diocesana de Crateús), e Karina Albuquerque (Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Proteção Animal de Crateús).
Também estiveram presentes representantes da secretaria-executiva do Comitê: Nayara Carvalho (analista do Núcleo de Gestão Participativa da COGERH/Crateús), Mirian Souza (técnica do mesmo núcleo) e Danilo Florindo (técnico do Núcleo de Operação da COGERH/Crateús).