
O Comitê da Bacia dos Sertões de Crateús definiu as vazões para a operação 2025.2 (fim em 31/01/26) dos 10 açudes monitorados da Região Hidrográfica, durante sua 22ª reunião extraordinária, na quarta-feira (11), na Cáritas Diocesana de Crateús.
A plenária deliberou e aprovou as seguintes vazões dos reservatórios:
- Batalhão: vazão de operação de 5,0 L/s. Foi aprovado a captação pela CAGECE de 55 L/s para Abastecimento Humano Urbano apenas durante os meses de junho e julho (período estimado para conclusão da substituição do restante da AMR) e 5 L/s para Demais Usos. A partir de agosto, a CAGECE pretende não captar da Barragem do Batalhão, permanecendo a vazão de 5 L/s até o final da operação.
- Carnaubal: vazão de operação de 163,0 L/s. Foi aprovado a captação pela CAGECE de 98 L/s para Abastecimento Humano Urbano apenas durante os meses de junho e julho (período estimado para conclusão da substituição do restante da AMR). A partir de Agosto, a CAGECE pretende captar exclusivamente do açude Carnaubal, permanecendo a vazão de 156 L/s para Abastecimento Humano Urbano, 4 L/s para Abastecimento Humano Rural (SISAR) e 3 L/s Demais Usos até o final da operação.
- Flor do Campo: vazão de 55,0 L/s (Abast. Humano Urbano: 45 L/s; Abast. Humano Rural: 6 L/s; demais usos: 4 L/s)
- Cupim: vazão de 10 L/s (Abast. Humano Urbano: 8 L/s; demais usos: 2 L/s)
- Barra Velha: vazão de 32 L/s (Abast. Humano Urbano: 30 L/s; demais usos: 2 L/s) até 30/11/2025
- Jaburu II: vazão de operação de 30 L/s (Abast. Humano Urbano: 25 L/s; Abast. Humano Rural: 2 L/s e demais usos: 3 L/s), com 15 dias por mês sem uso. Como o Barra Velha está previsto atingir o volume mínimo operacional em 30/11/2025, a CAGECE captará apenas do açude Jaburu II
- Colina: vazão de 20 L/s (Abast. Humano Urbano: 16 L/s; demais usos: 4 L/s)
- Sucesso: vazão de 12 L/s (Abast. Humano Urbano: 10 L/s; demais usos: 2 L/s)
- São José III: vazão de 21 L/s (Abast. Humano Urbano: 19 L/s; demais usos: 2 L/s)
- Realejo: vazão de 103 L/s em julho, 191 L/s em agosto, 223 L/s em setembro, 130 L/s outubro, 57 L/s em novembro, 62 L/s em dezembro e 50 L/s em janeiro, sendo que dessas vazões o uso para irrigação será de 93 L/s em julho, 181 L/s em agosto, 213 L/s em setembro, 120 L/s outubro, 47 L/s novembro, 52 L/s em dezembro e 40 L/s em janeiro e haverá o uso difusos de 10 L/s de julho de 2025 até janeiro de 2026.

Na ocasião, foram apresentados ao plenário dois cenários: 01) sem uso dos pivôs e 02) com uso dos pivôs.
O plenário deliberou pela aprovação do cenário 02 com uso para irrigação, conforme quadro abaixo:

Avaliação da Quadra Chuvosa de 2025
O meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), Vinícius Oliveira, apresentou à plenária a avaliação da quadra chuvosa de 2025 bem como, as tendências para 2026, dando ênfase a Bacia dos Sertões de Crateús.
A região teve, em 2025, chuvas abaixo da normal climatológica, uma vez que a normal da bacia para o período é 498,8mm e foram observados 416,8mm.

Vinícius explicou que a quadra chuvosa de 2025 foi impactada por fatores oceânicos, como a neutralidade do Pacífico e o dipolo positivo do Atlântico, além do posicionamento desfavorável da Zona de Convergência Intertropical.
Em relação às tendências para 2026, foi exposto que, no momento, o Oceano Pacífico está em condição neutra e com previsão de manter esse cenário até o início de 2026, enquanto que o Oceano Atlântico está com água mais aquecidas ao Sul e também com previsão de manutenção dessa condição para os próximos meses e portanto existe bastante incerteza em relação a mesma.
Situação Hídrica da Bacia
O gerente da Regional da Cogerh de Crateús, Rodrigues Júnior, apresentou um panorama da situação hídrica das Regiões Hidrográficas, destacando que a Bacia dos Sertões de Crateús encerrou a quadra chuvosa de 2025 com 20,23% de sua capacidade de armazenamento, índice inferior ao registrado no mesmo período de 2024, que foi de 23,96%.

Ele informou que apenas quatro açudes da região – Barragem do Batalhão, Sucesso, Colina e São José III – chegaram a verter em 2025, todos eles com baixa capacidade de armazenamento. Por outro lado, os quatro maiores reservatórios da bacia – Flor do Campo, Barra Velha, Jaburu II e Carnaubal – apresentaram volumes inferiores aos do ano anterior, o que evidencia a fragilidade hídrica da região.
Mineração próxima ao rio Poti
A reunião contou também com a participação de Daniela Godoy, representante da SEMACE, que atendeu a um pedido do CBHSC para prestar esclarecimentos sobre a atividade de mineração nas proximidades do rio Poti, no município de Quiterianópolis.

Daniela informou que a SEMACE concedeu licença para a extração de ferro na região, uma vez que a empresa responsável atendeu às exigências estabelecidas pelo órgão ambiental estadual.
No entanto, esclareceu à plenária que a emissão de licença para o beneficiamento do minério de ferro deixou de ser competência da SEMACE, passando a ser responsabilidade do órgão ambiental municipal.

Após as informações apresentadas, o colegiado deliberou pela criação de uma comissão para acompanhar de perto a atividade de mineração na área, com a missão adicional de estabelecer diálogo com a gestão municipal de Quiterianópolis em busca de maiores esclarecimentos sobre a licença de beneficiamento do minério.
A 22ª Reunião Extraordinária contou com a participação de 63,33% dos membros do colegiado, além da equipe da COGERH regional de Crateús e como convidados estiveram presentes Vinícius Oliveira, Meteorologia da FUNCEME, os irrigantes do açude Realejo e Daniela Godoy, da SEMACE.